julho


Fórum Monte Verde
02 de julho - segunda–feira 18:00h


18h documentário
 Trabalho Interno – Crise econômica global 2008
 Charles Ferguson 

20h palestra
Marcha contra a Corrupção Política
Amarribo Brasil - Lizete

Apoio cultural
CaféBistrô - CoffeePotCafeteria – NicoOnTheHill - PaulodasTrutas 


Entrada Franca 





Amarribo Brasil

Lizete Verillo: Psicóloga Organizacional, Pós-Graduação em Administração Organizacional –PUC-SP, MBA em Gestão de Negócios, exerceu funções de Gestão de Recursos Humanos em grandes instituições financeiras durante 21 anos e desde 2002 atua como Consultora Organizacional. É Diretora de Combate a Corrupção da Amarribo desde 2003, membro representante da Amarribo no Movimento Mulheres da Verdade.
A experiência da ONG AMARRIBO BRASIL que rompeu paradigmas para poder fazer valer a cidadania, reuniu ferramentas de controle social para o combate a corrupção, promoção da transparência e luta contra a impunidade, com a construção e fortalecimento contínuo da rede de controle social. A AMARRIBO BRASIL é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), entidade sem fins lucrativos, que atua em sinergia com a sociedade civil, a administração pública, lideranças políticas e a iniciativa privada, para acompanhar a gestão dos bens públicos, promover a probidade, e combater a corrupção.
A entidade nasceu em 1999 de uma reunião de pessoas amigas, residentes, ex-residentes e simpatizantes interessadas em oferecer voluntariamente seu tempo, talento, competências e habilidades para contribuir para o desenvolvimento da cidade de Ribeirão Bonito.
Ao tentar empreender projetos de interesse social, a entidade se deparou com grande descaso por parte das autoridades públicas, e com indícios muito fortes de desvio de recursos públicos. A entidade, depois de muito debate decidiu adiar os projetos sociais e dedicar-se por um tempo exclusivamente ao combate à corrupção na administração pública da cidade.
Para tal, ela empreendeu investigações, juntou provas dos ilícitos, efetuou denúncias junto à Promotoria de Justiça da cidade, ao Tribunal de Contas do Estado, e à Câmara Municipal da cidade. Para promover o afastamento dos corruptos, mobilizou a sociedade, realizou audiências públicas, desenvolveu diversos meios de comunicação para comunicação com a população, e conseguiu afastar diversos políticos da cidade, e processar outros que já haviam deixado o poder.
Depois de um trabalho extremamente exitoso de controle e combate à corrupção na Prefeitura de Ribeirão Bonito, com o afastamento de dois prefeitos - um deles preso pela polícia em 2002, e também do afastamento de diversos vereadores, os esforços da entidade foram reconhecidos e repercutidos, em âmbito nacional e internacional, e se tornou um caso emblemático para todo o Brasil.
Com isso, a AMARRIBO iniciou um trabalho de disseminação de sua experiência, para torná-la referência na luta pelo uso correto dos recursos públicos e no combate à corrupção em outras Prefeituras. Para ajudar nesse trabalho foi publicado o livro “O Combate à Corrupção nas Prefeituras do Brasil” e percorridas várias cidades do Brasil, proferindo palestras e apoiando a criação e o funcionamento de novas entidades destinadas a acompanhar e controlar a aplicação do dinheiro público.
A rede de entidades afiliadas à AMARRIBO cresceu e, hoje, cerca de 200 organizações já integram este movimento, pela ética na gestão pública, coordenado pela AMARRIBO.
Nesse sentido, por seu notável trabalho e sua contribuição à causa da transparência pública e do combate da corrupção nos municípios brasileiros, a AMARRIBO Brasil está sendo credenciada pela Transparência Internacional como seu Capítulo no Brasil. Pela credibilidade conseguida junto à sociedade, a entidade foi escolhida para fazer a avaliação do cumprimento por parte do Brasil da Convenção Anti Corrupção da Organização dos Estados Americanos, e da Convenção Anti Corrupção da Organização das Nações Unidas.
A AMARRIBO é uma das fundadoras e faz parte do Conselho da ABRACCI, do Conselho Gestor da 1ª CONSOCIAL (Conferencia Nacional de Transparência e Participação Social); participa do Comitê dos Jogos Limpos para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016; é sócio fundador do IFC- Instituto de Fiscalização e Controle com sede em Brasília e do Movimento Mulheres da Verdade com sede em São Paulo.
É com essas credenciais, que a entidade firmou o Memorando de Entendimento com o Conselho da Conferência Internacional Anticorrupção - IACC; a Transparência Internacional - TI e a Controladoria-Geral da União para a realização da 15ª IACC, assumindo a condição de principal e mais importante parceira da CGU na organização do evento.

Trabalho Interno – Crise econômica global 2008
       Charles Ferguson                                                                  

Um tipo comum de documentário é aquele que transforma uma tese em imagens e enredo, utilizando o maior número de recursos retóricos e argumentativos para provar um ponto e convencer o espectador. O que sustenta esse tipo de filme é a crença na possibilidade de mobilizar as pessoas em prol de uma causa ou para alertar das necessidades de mudanças na realidade. A preocupação com o convencimento e com a ação, geralmente, é muito maior do que aquela dispensada à forma ou ao exercício fílmico propriamente dito. É muito mais fácil convencer alguém de algo usando uma linguagem simples, bem conhecida e padronizada, do que fazer o mesmo com inovações estéticas e com a experiência do estranhamento. Essa opção cinematográfica não é essencialmente ruim, há muitos filmes “tradicionais” e interessantes, lembro rapidamente do The Corporation ou de O Abraço Corporativo. Colocaria nessa lista até mesmo os primeiros filmes de Michael Moore, ainda que sua fórmula já tenha se mostrando bastante desinteressante nos últimos trabalhos. O grande problema é que um documentário de tese só se vale pela sua própria tese e quando ela se mostra furada, superficial ou pouco produtivo, o filme acaba perdendo qualquer valor. É justamente isso que ocorre com Trabalho Interno, do direto sueco Charles Ferguson. O filme trata de “explicar” a crise econômica de 2008 e provocar uma reflexão sobre os motivos políticos que tornaram possível tal situação. O melhor do filme é seu caráter didático, que consegue equacionar com clareza toda a intricada rede de negociações que tornou possível a criação de uma gigantesca bolha especulativa em torno de derivativos e empréstimos pessoais. Sem dúvida, é uma exposição simples e clara do funcionamento dos mercados e da lógica do capitalismo financeiro. Isso, porém, não sustenta o filme, é apenas um elemento utilizado para demonstrar a tese do diretor. Segundo o filme, a economia americana do pós-guerra era vigorosa e eficiente, capaz de garantir o bem-estar da população e controlar a especulação desenfreada. O governo tinha mecanismos para regular a economia e não existiam gigantescos conglomerados financeiros capazes de abalar o sistema (e o bem-estar da população). Por isso, a economia americana não enfrentou nenhuma (isso mesmo, nenhuma) crise até a década de 1980. As coisas só saíram do rumo quando o governo começou a ser conquistado pelos lobbistas e pela influência do mercado financeiro, dando início a uma liberalização da especulação financeira. Na década de 1980 essa política ainda era tímida, mas nas duas décadas seguintes a coisa saiu completamente do controle: o governo foi totalmente dominado pelos grandes especuladores (inclusive através do ingresso de vários desses especuladores em cargos centrais do governo americano), o que possibilitou a criação de uma legislação totalmente flexível e livre. O resultado: a especulação subverteu o sistema, as fraudes se tornaram comum e um pequeno grupo de indivíduos começou a se enriquecer às custas da sociedade americana. Os grandes vilões, segundo o filme, são estes indivíduos que esqueceram qualquer noção de bem-comum e adotaram estratégias predatórias de enriquecimento, que prejudicavam e colocavam em risco o funcionamento de suas próprias empresas, pois sabiam que o governo sempre viria socorrê-los. É como se o governo americano sempre tivesse funcionado como uma ferramenta de proteção social, capaz de controlar o espírito predatório e egoísta das pessoas através de uma rígida legislação financeira. Foi esse governo protetor que trouxe prosperidade e desenvolvimento social durante várias décadas. No entanto, essa instituição foi lentamente corrompida pela potência negativa do dinheiro e pelo desejo de enriquecimento rápido. O poder dos especuladores foi se entranhando na própria política, desfazendo os mecanismos de proteção social. Acontece, portanto, uma inversão, o governo se transformou no seu oposto, ao invés de garantir o bem-comum, ele se torna apenas mais um mecanismo para sugar e privatizar a coisa pública em favor de uma pequena casta de privilegiados. O dinheiro aparece como um tumor, como o motor da corrupção e decadência da sociedade. Diante de ideias simples, o filme chega a conclusões igualmente superficiais: para proteger a sociedade de novas crises é necessário reconstruir um governo forte e atuante, capaz de recuperar seu antigo sentido de proteção social e controlar os interesses particulares. A solução da crise atual acaba se tornando uma simples questão de voluntarismo político, um grupo de políticos bem intencionados e capazes de resistir ao poder do dinheiro e pronto, a especulação poderá ser recolocada nos eixos. A tese do filme resolve todos os problemas com oposições simples: o bem e o mal; a justiça e a corrupção; a regulação e a desregulação; o bem comum e os interesses predatórios, etc. O simplismo desses binômios permite uma fácil identificação do espectador, ele pode sair do cinema reconfortado, afinal não há maneira de se identificar com o lado negativo (por sinal, o pôster do filme resume bem essa forma de identificação, ele diz que if you´re not enraged by the end of the movie, you weren´t paying attention). Esse procedimento, porém, perde de vista qualquer tipo de reflexão mais sistemática ou estrutural, a crise se torna apenas uma questão moral, culpa de pessoas malignas e desalmadas. A crítica do filme não passa de uma oca reflexão, incapaz de equacionar adequadamente a complexa e tensa relação de poder que estrutura a política global, da qual a crise econômica é uma das manifestações mais agudas. Apesar disso, é uma reflexão sedutora e muito eloqüente, é muito fácil e agradável pensar a política em termos morais, não incomoda e nem obriga a pensar muito no assunto. Talvez por isso, o filme apareça como um dos mais fortes candidatos ao Oscar de Documentário deste ano.

                    

Comissão organizadora


1-Ernani Maurício Fernandes – produtor cultural - escritor
2-Maria Beatriz Nogueira da Silva Caira – historiadora - empreendedora
3-Antonio Augusto Pereira Queiróz – jornalista -empreendedor
4-Angélica Carlini – advogada – educadora
5-Fernando Malta – empreendedor
6- Mônica Milev - empreendedora
7- Deasir da Costa Avila Junior – garçom
8- Vitor Mesquita - estudante – empreendedor
9- Eloisa Fernanda Nunes Fagundes – garçonete - estudante
10- Marcos Dias Santos – empreendedor



Monte Verde – abril de 2012


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